A Aposta -Jane Harvey-Berrick

Chegou mais um conto, o terceiro e cá entre nós, a cada conto nossa equipe se apaixona mais.

A Aposta

— Vamos lá, docinho. Vamos pegar um algodão doce para você.

Tucker segurou minha mão e seguimos pelo meio do caminho, com ele sem ter vergonha de demonstrar afeto, perfeitamente à vontade no papel de namorado adorável. Sorriu para mim e piscou.

Eu sabia o que ele estava fazendo: tentando tirar minha mente de sua próxima apresentação.

Não tinha visto este lado de Tucker antes. Ele sempre parecia tão imprudente, tão livre; mas havia outro lado dele, um lado reflexivo e cuidadoso. E eu não podia deixar de amá-lo um pouco mais.

— Quer um pouco de funnel cake, Tera?

— Eu amaria, mas não posso ingerir tantas calorias, e você não deveria comer algo tão pesado antes de um show.

— Sem essa de “não posso” com a gente, docinho. Estamos em um parque de diversões e funnel cake é parte da diversão. Faça o que é bom.

— Eu vou ficar gorda e você não vai mais me querer.

Ele riu sozinho.

— Será apenas mais de você para eu segurar em meus braços.

— Muito bom, senhor McCoy.

— De nada, senhorita Hawkins.

Naquele momento, Jade, uma das gêmeas trapezistas, passou usando o menor shortinho que já vi e uma tira de tecido cobrindo o peito que poderia ser generosamente chamada de curativo, talvez um Band-Aid, embora eu ache que deveria ser um top.

Ela me encarou, lançou um olhar para Tucker como se dissesse “veja o que você está perdendo”, depois jogou o cabelo brilhante sobre os ombros e seguiu caminhando.

— Eu consigo ver seus globos oculares girando daqui — reclamei.

— Eu estava sendo educado. — Ele sorriu para mim.

— O quê? Como diabos você veio com essa?

— Só olhei para as partes onde ela estava coberta.

Uma resposta se prende em meus lábios e eu noto sua expressão divertida.

— Ah, docinho. Ela não é páreo para você. Eu não diria que os seios dela são pequenos, mas seriam inúteis sem mamilos.

Eu me conformei em fazer muitas cócegas nele, que se esquivou, rindo.

— Tinha que ser homem! Aposto que você não consegue passar uma noite inteira sem fazer uma piada sobre seios. Ok, talvez não uma noite, mas definitivamente a semana inteira.

— Isto é um fato?

— Sim! É um fato!

Ele me deu um sorriso malicioso.

— Ah, é? O que eu ganho te provar que consigo?

— Você, eu, sozinhos em casa com um pote de sorvete.

Tucker lambeu os lábios.

— Combinado. Caramelo salgado crocante.

— Hmm, o que te faz acreditar que vai vencer?

Ele se inclinou, a respiração quente em meu pescoço.

— Porque eu quero o prêmio.

Eu ri, faminta.

— Eu poderia vencer, e você nem ouviu meus termos ainda.

— Okay — disse, cruzando os braços sobre o peito. — Você não vai vencer, mas o que quer?

— Você, nu.

Tucker riu.

— Docinho, você tem isso todas as noites.

Olhei ao redor, buscando inspiração, e meus olhos se iluminaram com a visão do carrossel e da zebra de madeira com cascos dourados. Era o meu animal favorito do carrossel.

— Você, nu no carrossel.

As sobrancelhas de Tucker dispararam.

— Você tem que andar nele nu por uma volta completa.

Ele bufou, divertido.

— Não que você vá vencer, docinho, mas vou assustar as crianças fazendo isso… e suas mães.

— Depois que o parque fechar. — Sorrio, serenamente. — É uma aposta?

— Caramelo salgado crocante — afirmou.

— A zebra — lembro a ele, e nós apertamos as mãos.

— Combinado.

— Combinado. — Eu sorri.

— Quer dar uma volta comigo agora? — perguntou, um dos cantos da boca se levantando. — Vestido?

— Claro, eu amaria…

Mas então foi anunciado que os Daredevils se apresentariam em uma hora.

Tucker suspirou.

— Tenho que ir. Deixamos o carrossel para a próxima?

Eu amava e odiava essa parte: amava ver Tucker fazer o que amava, que era arremessar sua moto no ar, subir rampas, pular, passar por paredes de fogo, o público ofegante, a torcida, os gritos; e odiava, porque o amava e não queria vê-lo se machucar. Eu odiava que, todos os dias, ele se colocava em risco.

Mas ele era um dos quatro Daredevils no show de motocicletas do parque de diversões do meu meio-irmão.

Eu teria que aprender a lidar.

Tucker parecia ter nascido com um sorriso, mas aprendi que era uma máscara que ele usava para cobrir a dificuldade dos seus primeiros anos de vida. Agora, parecia que seu sorriso era real e que era por mim. E ele amava o parque de diversões, com todas as suas cores, sons e empolgação.

Observei enquanto ele vestia um conjunto de couro com uma armadura e, em seguida, cobriu o rosto, pescoço e mãos com gel à prova de fogo. Seu foco se tornou intenso. Ele colocou o capacete na cabeça e luvas de couro sob meu olhar.

Então me encaminhei para as arquibancadas para assistir o show com as mãos cobrindo o rosto.

E quarenta minutos depois — quando minha garganta estava rouca de tanto gritar, ofegar e berrar, além das minhas palmas já suadas, e eu andei com os joelhos fracos, cambaleando até a área dos artistas —, Tucker me beijou com toda a fome e paixão que um homem pode ter.

Então me arrastou por trás de si para um trailer, me jogou sobre a cama e me fez gritar de novo.

Uma hora depois, dirigimos de volta para a minha casa de campo, disfrutando um do outro de forma mais relaxada.

Deitamos na banheira, pegajosos e encharcados de suor de termos feito amor, eu apoiada em seu peito e lendo uma revista; Tucker beijando meu pescoço e acariciando alternadamente minhas coxas.

— Amo suas coxas — murmurou, sua respiração quente contra minha nuca. — Amo este pontinho lindo bem aqui. — Apertou o dedo contra o local. — E amo quão macia sua pele é. — Passou o dedo pela minha pele. — E amo seus doces seios. — Suspirou. — Amo que sejam grandes o suficientes para manterem a revista seca enquanto você lê na banheira. — E riu.

Ele sabia que eu achava que meus seios eram grandes demais e, embora ele não achasse, sabia que seu comentário me irritaria, então não estava preparado para o meu sorriso.

— Você acabou de perder a nossa aposta, Tucker.

— Que ap… Ah, merda, não!

— Ah, sim — eu disse, dando um sorriso maléfico para ele. — Sabia que você não resistiria a uma piada sobre seios. Bem, a piada é você agora. Nu, em uma corrida pelo parque seguida por uma volta no carrossel, também nu. Aquela zebra lá tem o seu nome.

— Docinho, não foi uma piada sobre seios — disse, fraco. — Aquilo foi apenas a declaração de um fato.

— Você está tentando trapacear na aposta? — perguntei, minhas sobrancelhas se levantando.

Ele sorriu, incapaz de encontrar meu olhar severo.

— Nããão — disse, por fim. — Mas você não vai me obrigar a pagar a aposta, vai?

— Pode apostar essa sua bunda linda que eu vou. E talvez isso te ensine a não ser tão obcecado por seios.

Claro, eu contei a todo mundo sobre a aposta quando voltamos ao parque de diversões de Pomona. Era o assunto entre os carnies, então, quando o último cliente pagante saiu, havia um baita público esperando para assistir.

— Você realmente vai me obrigar a fazer isso? — gemeu.

A expressão no rosto de Tucker era impagável.

— Sim, eu realmente vou te obrigar a fazer isso: aposta é aposta.

— E tem que ser a zebra?

Dei um largo sorriso para ele.

— Gosto das listras.

Ele se inclinou para mais perto, a respiração quente me fazendo tremer.

— Acho que você só quer que eu tire a roupa, senhorita Hawkins.

— Sempre.

Ele sorriu de volta.

— Você realmente vai me obrigar a fazer isso? — perguntou mais uma vez, negando com a cabeça.

— Vai amarelar, fracote? — Comecei a rir.

Tucker me lançou um olhar quando todos ao nosso redor começaram a debochar.

— Por favor, por favor, amarele! — Aimee implorou. — Não quero ver o pênis do Tucker de novo!

Os outros Daredevils riram, mas meu meio-irmão, Kes, encarou Tucker.

— Quando ela viu seu pênis?

Aimee rolou os olhos.

— Mais vezes do que me importo de lembrar. Ele sempre se esquece de levar a toalha para o banho! — Então olhou para mim e piscou. — Bom trabalho, Tera.

Tucker deu um sorriso afetado e pensei que Kes perderia a cabeça, mas então ela sussurrou algo no ouvido dele e seu olhar foi de irritado para malicioso em uma questão de segundos.

— Docinho, eu abaixo as calças para você quando quiser — declarou Tucker e, para provar seu ponto, começou a desabotoar o jeans. — Diga ao Carl para ligar o carrossel!

— Ai, meu Deus, ele vai mesmo fazer isso — Aimee resmungou.

Tucker piscou para ela e jogou a calça no chão, saindo de cima dela, libertando os pés descalços.

Então puxou a camisa por cima da cabeça e jogou para mim.

— Espera! — gritei, assim que ele começou a deslizar as mãos por dentro da cueca. — O que…? Quando você fez isso?

Apontei para as suas costas. Na menor das suas tatuagens, a estrela na base de sua coluna, havia uma mancha vermelha e irritada, e uma nova escrita foi adicionada.

Andei até ele, olhando. Era o meu nome: a palavra “Tera” em uma caligrafia fluida em sua pele dourada.

— Tucker, eu…

Lágrimas surgiram em meus olhos.

— Shhh, docinho — disse, me segurando em seus braços.

— Não acredito que você fez isso — soltei, minha voz impressionada.

Ele deu de ombros, como se não fosse grande coisa.

— Seu brilho é tão forte, Tera — declarou, a voz macia. — Para onde eu viajar, sempre encontrarei o caminho de casa até você.

Maldito. Aquelas palavras bonitas iam me fazer chorar.

— Covarde! — Zef tossiu subitamente, fazendo todos rirem.

— Ei! — protestei. — Estávamos tendo um momento nosso!

Tucker sorriu largamente para mim.

— Provavelmente é o tipo de momento que seria melhor se tivéssemos em particular, se você entende o que eu digo.

E deu uma olhada para frente de sua cueca.

— Ah, uau, desculpa! — solto, incerta se dou um passo atrás ou o ajudo a esconder uma ereção enorme.

— Ainda quer que eu tire a roupa e corra nu pelo parque? — perguntou, arqueando a sobrancelha para mim.

— Hm…

À distância, ouvimos a música do carrossel começar.

— É pegar ou largar, irmão. — Zef deu um sorriso afetado. — Admita que você é um covarde e…

Mas Tucker já tinha passado a cueca pela curva da bunda, mostrando aquelas nádegas fabulosamente apertadas. E então saiu correndo, o pau balançando ao vento.

— Meus olhos… eles estão queimando — Aimee gemeu, cobrindo o rosto.

Agarrei o jeans de Tucker, ouvindo sua risada alegre ecoar pelo parque. E corri atrás dele, pegando meu telefone. Eu ia filmar aquilo para mostrar aos nossos netos um dia. Bem, talvez não tudo.

Aquele homem, aquele bom, bom homem. Meu homem.

FIM.

Você poderá ler a história de Tera e Tucker no terceiro livro da série Traveling, que será publicada em breve. Já escrevi quatro histórias que se passam no universo do parque de diversões itinerante . E, honestamente, achei que já tinha terminado a série, mas agora tive uma ideia para um quinto livro, que em inglês se chamará Gypsy. No próximo mês, a gente se encontra para um conto ambientado na era de ouro de Hollywood!