Conheçam Franggy Yanez

Franggy é mais conhecido pelas capas de livros em que ele está, como a tão querida história O ar que ele respira, da autora Brittainy C. Cherry, e em outras 60 capas para os colecionadores.

Mas Franggy vem trabalhando pesado na sua paixão – a fotografia –  e para sair da sombra de ser modelo.

Ele é alto, bem mais de 1,80m, e tem uma presença dominante, quase intimidante, que é suavizada pelo seu sorriso encantador, senso de humor e bondade inata.

Originalmente da Venezuela, sua família agora vive na Espanha, mas Fran mora em Amsterdã, na mesma cidade que seu irmão mais novo, Manu, que fez sua estreia como modelo na capa da autora brasileira Carol Dias, Cuida do meu Coração.

Enquanto sentamos para conversar para essa entrevista, ele parecia desconfortável.  Suas pernas e mãos mexendo sem parar, com respostas curtas, mas perspicazes.

P: Conte-me sobre como é ser um modelo de capa.

R: Eu nunca me considerei modelo, apesar de estar em umas 60 capas. Gina Maxwell (a autora de romance) viu meu Instagram e entrou em contato, e seguimos daí.

P: Você diria que a fotografia é sua paixão ou trabalho?

R: Na Venezuela, eu não pensava em fotografia porque não tinha acesso a câmeras, mas quando eu me mudei para a Europa aos 15 anos, tudo mudou. Aos poucos, eu percebi que eu queria tentar, porque eu podia ver as coisas de uma forma diferente das outras pessoas.

P: Como você sabe que vê as coisas de uma forma diferente?

R: Eu comparo as minhas fotos dos lugares onde eu estive com as dos outros, e sinto que vejo as coisas de um jeito diferente.

P: Você diria que tem um estilo particular?

R: Eu só quero sentir a emoção na foto, então eu aperto um botão.

P: Que tipo de fotografia te move?

R: Fotografia de rua histórica, como os lugares costumavam ser.

P: Pode me dar um exemplo?

R: Eu amo as cidades no passado, os anos 50 e 60 – foi uma época revolucionária na fotografia de rua. Você consegue ver o quanto as coisas mudaram em um pequeno período.

P: Quem são suas influências?

R: Vivian Maier era uma fotógrafa de rua que atuava em 1950. Ela trabalhava como babá, mas sua verdadeira paixão era a fotografia, e ela começou a fotografar Nova Iorque. Seus negativos foram descobertos apenas recentemente. Eu vi uma mostra em Nova Iorque em 2014 – maravilhosa.

P: O que no trabalho dela captou a sua imaginação?

R: Fotógrafos te inspiram de maneiras diferentes, mas eu senti que entendia porque ela tirava determinada foto. Em particular, os autorretratos que ela tirava onde estivesse. Eles eram engraçados, mas também eram de uma mulher que as pessoas não aprovavam. Dava uma perspectiva diferente para tudo que ela fotografou.

P: Você diria que ela destravou algo dentro de você?

R: Eu tenho dificuldade de aceitar a ideia de entrar no espaço pessoal das pessoas na fotografia de rua, mas eu aprendi com ela que existe uma maneira de fazer isso.

P: Onde você gostaria de trabalhar?

R: Ásia, porque eu acho que o mundo deles é muito diferente do nosso, quase um planeta diferente. A fotografia atual é tão mais do mesmo, não parece mais especial, mas a Ásia é muito diferente. A China, definitivamente. Tantas populações com personalidade, as cidades ou fazendas que parecem que são de 1920 – é uma forma de viajar no tempo.

P: Do que você gosta sobre fotografar no Brasil?

Eu me sinto muito conectado, parece com o lugar onde cresci. Sinto como se estivesse em casa.

P: Gergo Jonas é novo como modelo – esse é o segundo ensaio para capa de livros que ele faz. Como foi trabalhar com ele?

R: Ele estava aberto a ouvir meus conselhos enquanto estava cercado de mulheres, e sem camisa. Eu gosto de ser amigável primeiro, explicar o que vamos fazer de uma forma tranquila. Expliquei o que a Andy Collins (a cliente, a autora brasileira de romances) queria da sessão de fotos.

P: O que faz de alguém um bom modelo?

R: Alguém que não tem medo de ser a si mesmo. Você não tem que ser ninguém mais.

P: Qual é a sua maior paixão na vida?

R: Fotografia, mas isso é um pouco clichê. Fotografia não soa tão grande agora como era no passado.

P: Se esse é o caso, qual é a relevância da fotografia hoje?

R: Isso depende. Se você está fazendo para fins comerciais, tem sua própria relevância. Mas ser um fotógrafo não é visto como ser uma pessoa com habilidades. É ótimo que as pessoas tenham acesso a equipamento, mas antes isso era raro.

Eu finalmente descobri uma forma de ficar feliz com meu trabalho. Parece que não é mais um hobby.

Definitivamente acho que a fotografia é relevante! O mundo precisa vender, nós precisamos de artes visuais. É mais relevante que TV ou comerciais.

P: O que você quer que as pessoas tirem do seu trabalho?

R: Eu quero que elas sintam alguma coisa – ódio, amor, conectar-se com as emoções. Essa é a minha meta.

Eu trato a fotografia com respeito, não me intrometo. Fotógrafos que ultrapassaram a linha, isso não é uma foto natural.

P: O que te faz rir?

R: Eu amo rir, mas nunca analisei o que me faz rir.

P: O que te deixa desconfortável?

R: Ser tirado da minha zona de conforto. Nós precisamos de desafios, então eu passo por isso constantemente.

P: Você definitivamente tem um bromance (amizade) com Stu Reardon. O que fez se conectarem?

R: A personalidade dele. Nunca encontrei alguém tão carismático. Ele nunca tem problemas, nunca fica chateado, está sempre super feliz e positivo. Preciso dessa energia.

P: O que faz dele um bom modelo?

R: O fato de que ele está confortável com ele mesmo. Você pode ver isso em todas as fotos. Confiança.

P: Descreva a si mesmo em três palavras.

R: Teimoso, pensador excessivo, feliz – finalmente.

P: Qual é a sua filosofia de vida?

R: Meu pai sempre me disse para acreditar em mim mesmo, que eu sou o único que me limita. Eu sempre mantenho isso em mente.

P: Como você se sente trabalhando com livros de romance como fotógrafo?

R: Sinto que capas são importantes e que os autores deveriam dar prioridade para cada uma delas.

P: O que faz uma capa ruim?

R: Não estar conectada à história.

P: Como é trabalhar para a The Gift Box?

R: Eles são a única editora que eu estou trabalhando no momento. Estou nesse mundo há quatro anos, e agora a The Gift Box é a única porque eles nos fazem sentir em casa, nos fazem sentir como se fossemos da família.

P: O que você espera do The Gift Day?

R: Diversão, abraços e barulho.

P: Onde você se vê em dez anos?

R: No meio da floresta com alguns livros publicados, minha garota e família ao meu lado, uma vida tranquila.

P: Que conselho você daria ao Fran de 10 anos de idade?

R: Aproveite a vida um pouco mais. E abrace seu pai muito mais.

P: Qual é sua coisa favorita para fazer, exceto fotografar?

R: Ficar em casa com a minha garota, desconectado do mundo, um dia de chuva e um bom filme.

P: Qual foi o filme que você mais assistiu?

R: Superbad! É muito divertido, mas eu não sou normalmente um fã de comédias. Eu quase me mijei de rir. Minha namorada diz: Eu não acredito que você está assistindo isso de novo!

P: Qual é seu livro favorito?

R: Nunca terminei um livro sem terem me mandado terminar. [O queixo da Jane cai em choque enquanto Fran continua falando]. Eu sou uma pessoa mais visual.

P: Música favorita?

R: Uma banda chamada “Young the Giand” e a música America. Ela me dá energia positiva e é a minha música com a minha namorada, porque eu a ouvi no início do nosso relacionamento.

P: Nas tardes de domingo eu estarei…

R: Pedindo costelas e assistindo um filme.

P: Treinar na academia com o Stu me deixa…

R: Cansado e animado. Porque eu vejo que eu posso aguentar mais e isso me motiva. Especialmente com o Stu, ele realmente me incentiva.

P: Quem é o mais bagunceiro de vocês dois quando dividem um quarto?

R: Eu, Fran. Stu é maníaco por limpeza, ele arruma tudo. Então eu tento me comportar ao redor dele.

P: O que te deixa zangado?

R: Eu não costumo ficar zangado, mas às vezes eu espero que o mundo seja tão rápido quanto eu, mas isso é problema meu, não do mundo. Eu não sou paciente.

P: O que te leva às lágrimas?
R: Nada, eu não acho que eu sou humano. Aí meu pai morreu. Agora, qualquer filme estúpido ou alguma coisa emocionante pode me levar às lágrimas.

P: Alguma fotografia já te fez chorar?

R: Já me deixou emocionado, nunca a ponto de chorar, mas definitivamente emocionado.

P: Que conselho você daria para alguém que quer ser fotógrafo?

R: Não vá rápido demais. Tente focar no seu próprio estilo e não copiar mais ninguém. Isso é difícil. Levou cinco anos para que eu pudesse dizer que era fotógrafo.

P: Você consegue se resumir?

R: Muito do que você vê de mim não é nem perto do que eu quero ser. Tem muito mais por vir.

Uma vez que a entrevista acabou, e o laptop voltou para a capa, o sorriso do Fran surgiu novamente. Posso ver sua paixão pela fotografia e filmagem, seu desejo de aprender e se aprimorar a partir dos lugares, pessoas e fotógrafos que vieram antes dele. Ele é perspicaz, pensativo e mais do que feliz de falar sobre sua paixão – especialmente quando a entrevista acaba.

Tem que amar esse cara – divertido, engraçado, amável e pensativo. O que não há para amar?

CONHEÇA O TRABALHO DO FRAN:

www.takeoneinmotion.com

www.instagram.com/fracrox  

Esta entrevista foi produzida por nossa autora Jane Harvey-Berrick em sua última passagem pelo Brasil e encontra-se disponível em sua versão original no site da autora. 

Gostaram da entrevista? Deixem seus comentários aí e quem sabe o Fran não responda mais algumas perguntas deixadas por vocês? 

Até a próxima! 

2 respostas para “Conheçam Franggy Yanez”

  1. Engraçado é que convivendo com o Fran um pouco mais, enxergamos tudo isso que a Jane nos transmitiu na entrevista.

    Adorei a sensibilidade da Jane em questionar sobre várias coisas da vida pessoal e profissional do Fran.

    Eles são uns fofos!

    S2

Os comentários estão desativados.